quinta-feira, 21 de julho de 2011

PF vai investigar suposta propina para Deputado do PR Valdemar Costa Neto em São Paulo

SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) vai investigar uma denúncia de pagamento de propina para políticos do PR, entre eles o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), depois da divulgação de uma carta assinada pelo vereador da Câmara Municipal de São Paulo, Aguinaldo Timóteo, também do PR.
Na carta, endereçada a um empresário aliado, Timóteo fala sobre o pagamento de R$ 300 mil mensais para "oportunistas" do PR. A abertura de inquérito policial pela PF foi requisitada pelo Ministério Público Federal em São Paulo. Para a Procuradoria, "a carta indica a prática, em tese, de crime contra a administração pública por membros do PR" e pede que Timóteo seja ouvido "com urgência".
Na carta, Timóteo explica a demissão da filha do empresário Geraldo de Souza Amorim de seu gabinete. Timóteo chama Amorim de "amigo" e lembra que ele levou o empresário para reuniões com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, do PR, e com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Amorim era sócio da empresa GSA, que administrava uma feira de ambulantes no centro de São Paulo em um terreno de espólio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). A empresa cobrava mensalidades dos cerca de 4 mil lojistas da Feira. Na carta, Timóteo refere-se ao negócio como "galinha dos ovos de ouro" e diz que Amorim "perdeu" o empreendimento por ter "peitado o Waldemar [Valdemar Costa Neto]".
Em entrevista a O Globo, Timóteo confirmou ser autor da carta. Disse que Amorim o ajudou muito em sua campanha e o considera um "grande companheiro", apesar de terem "cortado relações".
- O Geraldo me disse que alguém teria o procurado em nome do PR pedindo R$ 300 mil para ajudá-lo a manter o negócio com a Feira. Mas ele não me falou quem era essa pessoa - afirmou o vereador.
Timóteo admite, porém, que chegou a procurar Valdemar Costa Neto em busca de ajuda para renovar a licença da GSA.
- O Valdemar é o PR em São Paulo. É quem manda, mas ele estava indignado porque alguém disse para ele que o Amorim estaria usando o terreno de uma maneira indevida. Mas isso eu não tenho condições de falar se isso ocorria.
A carta foi repassada à Procuradoria da República pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que pediu investigações sobre o caso.
- É muito grave e envolve denúncias de proprina de figuras públicas com mandatos municipais e federais - afirmou Valente.
Inimigo
Para Timóteo, o empresário Aílton Vicente de Oliveira, síndico do Condomínio Novo Oriente, que atualmente representa os lojistas da feira, seria o responsável por ter "derrubado" Amorim.
- Ele era o inimigo do Amorim.
Oliveira enfrenta uma disputa com a prefeitura de São Paulo que quer construir um shopping popular no local. De acordo com a Secretaria das Subprefeituras, a cobrança de qualquer taxa dos comerciantes é ilegal, já que desde abril o governo federal passou a guarda provisória da área para o município.
Oliveira, por sua vez, afirma que é o representante autorizado dos lojistas. Ele admite cobrar R$ 300 dos comerciantes para pagamento de luz e manutenção.
- Antes pagavam até R$ 800. Mas não tenho idéia de porque o valor era tão alto.
Oliveira diz que é filiado ao PV, mas negou qualquer envolvimento em política.
- Conheço o vereador (Agnaldo Timóteo) e o Valdemar de ver na televisão- afirmou.
A assessoria de imprensa do PR negou qualquer cobrança de propina envolvendo o partido, mas diz que defende a investigação do caso. Ainda segundo a assessoria, "ninguém está autorizado a falar em nome do deputado Valdemar ou do partido para entendimentos no âmbito da gestão pública".
Amorim não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.
Por Guilherme Voitch (guilherme.voitch@sp.oglobo.com.b | Agência O Globo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário